segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dicas de Locução:



No rádio de hoje, uma boa voz não é impreterivelmente o fundamental, ainda que ajude e seja um item de importância.

Para o locutor de rádio, o mais importante é transmitir com objetividade, segurança e credibilidade na leitura da informação.

O sucesso do locutor de notícias depende principalmente de:
- conhecer os assuntos abordados;
- ler o texto antes de entrar no ar;
- marcar as palavras que devem ser lidas com ênfase;
- assinalar a pronúncia correta de nomes e lugares;
- ler sem pressa;
- interpretar (e não encenar) o texto;
- ser natural – alegre, consternado ou irônico – sempre respeitando o tom da notícia;
- acreditar no que está lendo.


Uma boa dicção valoriza o texto e não confunde o ouvinte.

Por isso, o locutor deve articular bem as palavras, sem comer letras ou sílabas inteiras, nem deixar cair o tom de voz no final das frases, atrapalhando o ritmo da leitura.

O locutor deve ficar a cerca de dez a vinte centímetros de distância do microfone, para evitar a saturação do mesmo, e por conseguinte provocar a distorção no áudio.

Na verdade, essas distância varia de acordo com a potência de voz de cada um: quanto mais forte for a voz, mais afastado o locutor deverá ficar do microfone.
Varia também com a qualidade de captação do microfone.


Técnicas - Ao falar

Jamais abra um microfone para falar sem ter em mente tudo o que deseja falar.

O raciocínio no momento da fala deve ser geral e não específico.
Nunca parta para um argumento pensando na idéia fragmentada, você vai se perder em meio aos argumentos durante a locução.

O locutor ao abrir o microfone, já deve ter sua idéia concatenada, ou seja, sua idéia já deve estar construída na mente, com começo, meio e fim.
Nosso cérebro é muito mais veloz ao construir as frases quando pensamos, do que nosso aparelho fono articulatório quando ao expressá-las quando falamos. Se você aprender a condicionar sua mente a construir toda a idéia antes de falar, sua comunicação será mais efetiva e sua verbalização mais equilibrada e constante.

Ao contrário de muitos comunicadores que constroem suas frases no momento da fala.
A locução vai ficar carregada de entrecortes e titubeio, que acabará denotando insegurança e falta de preparo no assunto abordado.

Antes de falar observe:

- Leia pelo menos três vezes o textos a serem apresentados no ar.
- Jamais interprete um texto sem lê-lo bem;
- Certifique-se se todos os comandos a serem dados à mesa de áudio estão preparados, tais como, músicas, vinhetas ou trilhas a serem veiculadas no ar;
- Procure saber se existe alguma novidade na programação, tais como novas músicas ou promoções, ou até mesmo, alterações técnicas nos equipamentos do estúdio;
- Confira sua programação musical para certificar-se se todos os CDs ou Md de músicas, se for o caso, estejam no estúdio.(*)
- Confira também sua programação comercial para certificar-se se todos os Mds e textos de comerciais testemunhais estão no estúdio. (*)

(*) Sistemas operacionais computadorizados substituíram cartuchos, fitas cassete e até mesmo mds na hora de veicular músicas e comerciais. Um microcomputador ligado à mesa de áudio, gerência a entrada dos breaks, das vinhetas e das músicas. Com um click no mouse o locutor ou sonoplasta colocam no ar todo o conteúdo que antigamente deveria ser comandado manualmente. Grande parte das emissoras brasileiras se utilizam do sistema Digirádio, produzido pela Victor.


Técnicas - Locução e voz

Da mesma forma que um pianista cuida em especial de suas mãos, um atleta de seu corpo, um locutor também precisa cuidar de sua voz. Uma bela voz vem de tributos pessoais, da formação congênita de uma pessoa. Mas não devemos esquecer no entanto, que a boa comunicação pela voz, não é feita apenas pôr um belo timbre.

Vimos anteriormente, que muitos fatores além da qualidade vocal, interagem
no momento da locução, tais como: dicção, articulação e a pronúncia correta das palavras junto ao microfone.
À seguir anote algumas dicas que sempre funcionaram comigo:

- Evite tomar líquidos excessivamente gelados de uma só vez. O líquido em baixa temperatura, quando ingerido rapidamente, pode baixar suas defesas, devido a presença de uma flora bacteriana presente em sua traquéia. No momento da ingestão, o líquido gelado que vai para o estômago, provoca um desequilíbrio térmico no interior do nosso corpo. Isto faz com que o sangue e os glóbulos vermelhos, que são a defesa do organismo naquela região, sigam instantaneamente para o aparelho digestivo, à fim de levar calor para àquela região. Isto provoca uma baixa resistência nas defesas da garganta que pode ser invadida pôr bactérias e vírus localizados naquela região, causando com isso um foco infeccioso, conhecido pôr amigdalite, que vai provocar rouquidão. Para evitar a origem destes problemas basta, você ingerir líquidos gelados mais pausadamente, quebrando inicialmente a baixa temperatura na boca.
- Evite tomar leite, iogurte, comer queijo, ou chocolate antes de locutar.
Não que prejudiquem sua voz, mas porque toda substância láctea quando ingerida, vai alterar o Ph da sua saliva, deixando-a mais viscosa. Isto vai provocar pigarros devido a maior densidade da saliva ao umectar as cordas vocais durante a fonação.
- Se você é fumante, saiba que o cigarro é um dos maiores inimigos da qualidade da sua voz. Pequenas partículas de Alcatrão, Nicotina, Piridina e Furfurol contidos na fumaça, serão depositados nas cordas vocais e em toda a estrutura do aparelho fono articulatório, causando constante irritação.

Tosses e pigarros estarão dividindo espaço com sua Locução.

- Gargarejos diários com água morna e sal, acompanhados de meio copo de limão pela manhã, agem como preventivos das infecções de garganta, excessivamente prejudiciais ao locutor...

Técnicas - Notícias

A programação jornalística de rádio pode expressar-se em várias formas de apresentação. Estas são as principais:

§ nota: texto pequeno, de cinco a oito linhas, com informação rápida e objetiva, para ser lido em intervalos da programação musical. É uma forma de manter o ouvinte atualizado sobre assuntos variados.

§ boletins: textos com notícias sobre um mesmo tema. Geralmente são breves e regulares, apresentados durante a programação, como forma de acompanhar um evento.

Exemplo:

- Depois de dois anos de obras, a sede própria da Rádioficina vai ser inaugurada neste próximo dia 25 de setembro – dia do rádio às três horas da tarde. Confirmaram presença: César Rosa, Emílio Surita, Beto Rivera e Irineu Toledo.

Desde cedo, o radialista deve desenvolver a escrita de boletins:
- Informando sobre situação das estradas;
- Dando a previsão do tempo;
- Transmitindo informações de eventos ao vivo;
- Divulgando fatos de utilidade pública.
- jornal falado: é a reunião das principais notícias do dia ou da semana. Pode durar de cinco a trinta minutos. O jornal falado tem divisões bem definidas, com a apresentação de notícias locais, nacionais, esportivas e culturais. O ideal é que o jornal seja lido por dois locutores: isso dá mais ritmo e agilidade às notícias e evita a monotonia.
- manchetes: as três ou quatro notícias mais importantes merecem destaque na forma de manchetes (frases com apenas uma linha). As manchetes abrem a edição de um jornal falado e anunciam para o ouvinte os principais fatos do dia.

Exemplo de manchetes:

- “Fiori Giglioti é o novo professor de locução esportiva da Rádioficina”.
- “A Rádioficina recebe os recursos da Abraqua – Associação Brasileira de Qualificação Profissional Pró-Rádio para sua rádio na Internet”.
- “Aluno da Rádioficina recebe prêmio em concurso de locução”.

§ comentário: é a opinião de alguém que conheça bem o assunto que comenta. O comentarista influência o ouvinte. Um comentário nunca é neutro: sempre servirá para emitir um juízo de valor.

Exemplo:

- A professora Juçara Silveira, da Rádioficina, comenta a escolha dos livros didáticos “Como falar no Rádio” e “Rádio – Inspiração, Transpiração e Inspiração” adotados pelo MEC e que serão utilizados no próximo ano letivo. Ela diz porque alguns autores foram selecionados e outros não. Também avalia como os alunos poderão aproveitar os novos livros.
- edição extraordinária: informação que entra no ar a qualquer momento, geralmente no formato de notas, interrompendo a programação quando a notícia for urgente.
Exemplo:
- “Acabou há pouco a reunião de corpo docente da Rádioficina. Eles decidiram que a verba da Caixa Escolar será empregada na compra de equipamentos de áudio para a escola. Os novos equipamentos servirão às aulas de sonoplastia. Mais informações sobre essa decisão, ao meio dia, no nosso jornal”.
- utilização de recursos sonoros: todo programa deve começar e terminar com trechos de música. Isso permite que, já na abertura, o programa seja identificado imediatamente pelo ouvinte.
Música, som e efeitos especiais são importantes no rádio.
Compensam a limitação do veículo, que utiliza um dos nossos sentidos.
Os recursos sonoros no rádio colaboram para a criação de “imagens” auditivas.

Ao você apresentar um noticiário observe os seguintes detalhes:

- Procure tomar líquidos antes da locução, tais como: Chá, Café ou suco de frutas. É preciso manter as cordas vocais sempre umectadas durante a fonação.
- Leia o texto pelo menos três vezes.

A primeira vez para certificar-se do assunto abordado no texto da matéria, à fim de determinar os moldes da interpretação na leitura, ou seja, é preciso conhecer o tema para não ser alegre ou descontraído em notícias sérias ou vice-versa;

A segunda vez para você identificar a existência de nomes estrangeiros, palavras de difícil pronúncia ou a presença de números ou cifras;

A terceira para definir sua modulação, projeção de voz e ritmo de leitura;
- Fique atento ao roteiro e aos sinais do operador de áudio, caso você não opere a mesa durante a leitura do texto. A sincronia da técnica com a locução são muito importantes no rádiojornalismo.
Fica muito mal no ar você chamar uma matéria e entrar outra;
- Pronuncie corretamente seu texto, definindo bem a pronuncia das palavras, principalmente naquelas terminadas com “S” ou “R”;
- A interpretação e a entonação das palavras durante a leitura da notícia devem ser bem feitas, na forma correta, para que não se perca o sentido ou se cometam exageros.
- Realce bem o final das frases do texto, fazendo um breve intervalo, à fim de que o ouvinte não misture os assuntos contidos na notícia que vem a seguir. Se houver trilha de fundo, uma breve elevação do áudio entre uma notícia e outra vai causar o mesmo efeito no ar.
- Preste atenção ao chamar matérias externas, à fim de não trocar o nome dos repórteres ou pessoas. O mesmo em notícias com números, cuide para que não sejam trocados.
- Na locução a dois sempre é importante existir uma diferença no timbre de vozes. Isto vai dar mais ritmo e velocidade ao jornal. Deve-se observar ainda pôr parte dos locutores, a sincronia durante a leitura, para que um não atropele a locução do outro.
- Se cometer algum erro, substitua-o pôr palavras como: ou melhor, ou seja, imprima um leve sorriso nos lábios e continue. Não chame a atenção para o fato, pois o ouvinte de rádio na maioria das vezes, pôr estar somente ouvindo ou fazendo outras coisas ao mesmo tempo, não se apercebe de um erro como na televisão.

Técnicas - Fashes

Ao Elaborar uma matéria em forma de flash (1) ou boletim (2) observe:

- Observe as condições do local escolhido para dar a matéria.
Cuidado com locais com muita circulação de pessoas, os ruídos e as interrupções podem prejudicar sua concentração e o raciocínio durante a transmissão;
- Certifique-se do tempo de sua entrada no ar. Caso haja alguém para ser entrevistado, mantenha-o informado do tempo também.
Seja conciso e direto no relato das informações, não esquecendo que seu objetivo é informar e não opinar.
As matérias não devem ultrapassar um minuto no FM.
Já no Am conforme a segmentação da emissora (rádiojornalismo, prestação de serviço ou entretenimento) o repórter dispõe do dobro do tempo, devido ao maior espaço dado para a notícia dentro da programação.
- Jamais passe o microfone para as mãos do entrevistado – seja a figura dominante durante a entrevista.
- Mantenha sua participação no ar num ritmo vibrante e dinâmico.
- Faça um boletim com objetividade e clareza, procurando deixá-lo dentro da linguagem do rádio, cuidando ainda para que a síntese não prejudique a nitidez.
- Em matérias com a participação de outras pessoas, faça perguntas diretas e peça do entrevistado respostas concisas também.
- Certifique-se que os detalhes técnicos da transmissão estejam em ordem. Faça os devidos testes para certificar-se disto.
- Geralmente o locutor no boletim se reporta a uma central da emissora ou ao próprio locutor no estúdio. Um check-in deverá ser feito antes da entrada do repórter no ar, através do retorno.
- Em matérias que envolvam a entrada de ouvintes observe: vocabulário, dicção, articulação e pronúncia, bem como, o assunto a ser abordado pelos mesmos.
- Não esquecer das deixas e ganchos com o locutor no estúdio, evitando com isto possíveis buracos ou espaçamentos entre as passagens dentro do programa.

(1) Flash – Rápida informação sobre um fato, dado pelo repórter.

(2) Boletim – Breve informativo transmitido pelo próprio repórter sobre assunto abordado em entrevista, ou baseado em informações que não foram gravadas. Num boletim o repórter poderá ainda, fazer uso da mobilidade do rádio para descrever o ambiente ou até mesmo o estado de espírito das pessoas entrevistadas.



Técnicas – Entrevistas

- Prepare-se, procurando conhecer bem seu entrevistado antecipadamente, através de releases divulgados à imprensa ou informações veiculadas pela mídia. Um artista que possua uma boa assessoria de imprensa, jamais se apresentará para uma entrevista sem um release, ou seja, um texto preparado para estas ocasiões, que contenha seu histórico e dados de sua carreira. Mas como tudo pode acontecer no rádio prepare-se para imprevistos.
- Faça um roteiro da entrevista que contenha: o nome, uma breve apresentação do seu entrevistado, particularidades da pessoa e os motivos que a levaram a participar do seu programa;
- Procure fazer perguntas inteligentes, rápidas e objetivas;
- Cuide para que suas perguntas sejam abrangentes mas não extremamente explicativas, a ponto de no final, você já ter dito o que o entrevistado lhe responderia.


Fonte: Radialismo e Art

Diana Ross - Do you know where going to

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